terça-feira, 15 de agosto de 2017

O Luto. Vamos falar sobre isso?

Quando recebi o diagnóstico do Vini, em uma consulta com a neurologista, ouvi uma coisa que sempre ficou "martelando" na minha cabeça por muito tempo... Ela disse que quando as famílias recebem um diagnóstico, de alguma deficiência, elas vivem um período de LUTO.
"Luto? De um filho vivo? Como assim?", eu ficava pensando...
Hoje, depois das experiências e oportunidades que tive de estudar o assunto, além de vivê-lo na prática, finalmente entendi esse luto...
Na verdade, quando se espera um filho, criamos muitas expectativas em torno dele, se será menino ou menina, se será parecido com o pai ou com a mãe, se será calmo ou chorão, etc., na verdade, os pais esperam um bebê todo rechonchudo, com as bochechas rosadas, os olhinhos claros, estilo os bebês das embalagens de amaciantes de roupas, rsrs
Quando você recebe a notícia de que seu filho tem algo "diferente", esse bebê que foi tão idealizado, morre dentro de você! Sim, eu sei que parece cruel, mas é o que acontece! E não, não acontece só nesses casos, infelizmente nós pais temos o triste hábito (não achei palavra melhor para descrever), de criar planos e expectativas em cima dos filhos,  principalmente sobre coisas as quais temos frustração em não ter alcançado (admita! todos fazem isso em algum momento da vida), o pai que ama futebol e quer ter um filho menino, e que seja jogador de futebol, a mãe que sempre quis ser bailarina e assim que a filha começa a dar os primeiros passos, coloca a pequena para fazer balé, ou mesmo aqueles pais que não conseguiram seguir a carreira que sonharam e colocam os filhos para estudar coisas que muitas vezes as crianças não se identificam e nem tem a menor vocação, são forçadas...
Podemos concluir que todos os pais, quando se deparam com as escolhas dos filhos, que quase sempre são diferentes daquilo que eles esperavam, vivenciam um tipo de LUTO.
Agora multiplica essa frustração por dez, e soma aí com medo,culpa, desespero, despreparo, insegurança, falta de conhecimento e muitas outras coisa que vem junto, com uma criança com deficiência...difícil imaginar né? Pois é, quando você se deparar com pais de crianças com deficiência, busque lá no seu íntimo um pouco de EMPATIA, se possível, não rotule esses pais como "guerreiros", "super pais", etc., porque nos dá a impressão que não podemos falhar, e acredite, muitas vezes falhamos.... nos dá a responsabilidade, de estar sempre agradecidos e felizes, mas temos momentos que tudo que queríamos era sumir (sim, mesmo sabendo que temos filhos que dependem de nós, é inevitável esse sentimento e nos enche de culpa).
Saibam que não temos nenhum curso que nos ensine a lhe dar com tudo isso, mas não sintam pena, apenas EMPATIA...respeitem o nosso luto, sem julgamentos, já nos sentimos culpados o suficiente...
Nem todos os dias eu estou " a fim " de sair de casa para levar meu filho nas terapias e consultas, mas eu vou, nem todos os dias são bons, mas existem dias piores, então temos que recolher os cacos, colocar um sorriso no rosto e termos EMPATIA (aquela mesma que esperamos dos outros) com nossos filhos também...
Espero que os pais de crianças "especiais", que lêem esse post, saibam que não é errado viver esse luto, não se culpe, todos nós pais (sendo o filho deficiente ou não), vivemos isso. É simplesmente normal.


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